terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Cartas Para o Papai Noel ( LuAr ) - Parte Final

Especial de Natal




4 dias para o Natal

Não sei por que disse sábado, estava tão longe... Fiquei mal a semana toda por não poder vê-la.
Deitava toda noite na minha cama e ficava imaginando como o dia seria, o que eu devia levar para o piquenique...
Mas enfim o sábado chego, junto com o limite da minha ansiedade.
Eu já estava no jardim municipal, que não passava de um lugar imenso, onde tinha um lago, o parquinho para as crianças, lugar par caminhar, andar de bicicleta e um imenso campo onde eu estava preparando o piquenique.
Eu escolhi um local perto de uma árvore, para que houvesse sombra. Uma parte mais alta do gramdo, onde podíamos ver quase todo o resto do parque. Era um lugar lindo e calmo.
Depois que estava tudo arrumado, sentei-me para esperar.
Não por muito tempo, porque logo a vi do outro lado do parque. Eu me levantei e comecei a acenar feito um louco até ela olhar para mim.
Ela vem correndo e quando chega aqui ela ri e diz para mim:
- Calma Arthur, você tava quase voando com os pulos que dava para acenar – Ela diz rindo ainda mais.
- Oi para você também Blanco – Digo me fazendo de emburrado e sentando na toalha quadriculada onde estavam todas as comidas. Só me fazendo porque era impossível ficar mal quando Lua estava rindo daquela maneira.
- Desculpa – Ela diz já dando uma parada nas gargalhadas – Olá Thur. Posso me sentar? – Ela pergunta por fim.
- Pode claro – Digo ainda me fingindo de ofendido.
- Sabia que você fica fofo fazendo essa “cara de sentimentos feridos” – Ela sorri – Você faz biquinho.
Eu abandono minha cara e fico normal de novo.
- Sei. Você só ta querendo consertar seu erro.
- Talvez – Ela diz meio pensativa – Mas que você fica fofo, você fica.
- Obrigada – Digo por fim.
- Bem... – Começo a dizer – Temos pão de forma, de leite e francês. Manteiga, requeijão, patê de peito de peru e frango, e geleira de morango. Queijo parmesão e prato. Trouxe também torrada e bolacha água e sal. Um bolo de laranja e cupcakes de chocolate. Além das bolachas recheadas de chocolate e morando – Digo tirando cada item da cesta enquanto falo – Temos também cookies com gotas de chocolate. E pra beber eu trouxe água, suco de laranja, de maracujá e de uva. E guaraná também se você preferir – Digo tirando a garrafa, a ultima coisa da cesta.
Olho para a Lua e a encontro de queixo caído.
- Arthur! – Ela diz surpresa e em repreensão – Onde você acha que eu vou comer tudo isso?
- Bom... – Eu digo em tom brincalhão – Eu esperava que você dividisse comigo.
Ela me faz uma cara sarcástica e começa a fuçar nas coisas.
Lua pega um pão francês e passa patê de peito de peru e corta uma fatia de queijo parmesão para terminar o lanche.
Eu faço meio próprio lanche com outros ingredientes e começamos a comer, observando o parque.
- Arthur – Lua diz depois de terminar seu pão – Sabe o que eu tava pensando?
- Desculpa te desapontar Lua, mas eu não leio mentes.
- Idiota – Ela fala – Eu tava pensando que nós sabemos muito pouco um sobre o outro. Porque não fazemos perguntas simples.
- Tipo? – Pergunto terminando meu pão também.
Ela começa a cortar um pedaço de bolo e coloca suco de laranja em um copo de plástico antes de continuar.
- Tipo... Sei lá... Qual sua cor favorita? – Ela pergunta sincera.
Eu dou risada.
- Minha cor favorita? – Pergunto para ela de volta e ela assente com a cabeça – Eu acho que é azul. E a sua?
- Acho que verde – Ela diz pensativa – E vermelho. As cores do Natal.
Eu sorrio.
- Minha vez – Falo – Qual seu passatempo preferido?
- Ler livros – Ela responde – E o seu?
- Nada de especial. Gosto de andar por ai, ficar na praça olhando as pessoas... E gosto muito de ler também.
- Ta – Ela fala – Filme favorito?
- Não tenho.  É muito difícil escolher só um. E você?
- Digo o mesmo, só que gosto de aquele suspense que você pensa que é uma coisa o filme todo e no fim descobre que é outra.
- É... Esses filmes sempre são bons – Concordo – E sua comida – Eu pergunto.
- Comida de comida, ou besteira que nem a gente ta comendo agora? – Ela pergunta de volta enquanto termina de comer a fatia do bolo que ela cortou.
Eu aproveito e pego um pedação também.
- Comida, comida mesmo, sabe. – Explico – Comida de almoço e jantar.
- Bem... Gosto muito de macarrão – Ela responde – Qualquer tipo sabe. Com molho branco, vermelho, à bolonhesa... Não tenho um preferido. E você?

- Eu acho que seria pizza, mas não... – Começo a pensar e não encontro uma resposta – Você sabe que eu não sei.
- Normal, não é fácil escolher alguma coisa preferida... Mas e musica?
- Ah – Digo – Ai eu sou bem aberto. Gosto de pop/rock brasileiro, tipo NX Zero, gosto também de MPB, e gosto de internacional, tanto esses cantores mais famosos como os nem tanto. And you?
- Eu gosto muito de bandas internacionais, mas daquelas que não são tão conhecidas, e das antigas também... Não que a musica de hoje não seja boa, mas ela nunca chegará as pés das dos anos anteriores.
- Sem dúvida – Digo concordando – Musica é um assunto que com o passar dos anos nós decaímos na qualidade.
- Mas ainda tem umas muito bonitas sabe... – Ela diz e eu concordo novamente.
- Uma coisa que eu sempre quis saber – Eu começo a perguntar – Pelo menos desde que eu falei com você há uma semana mais ou menos, é: que faculdade você faz?
- Eu? De letras – Ela diz e eu vou comentar mas ela logo fala novamente – Não sei que carreira vou seguir, mas comecei por curiosidade...
- Entendi
- E você Arthur? O que pretende fazer?
- Não faço a menor idéia – Respondo sendo sincero, porque eu realmente não faço – Talvez você possa me ajudar?
            Ela sorri.
            - É claro.
            E logo me vem na mente outra pergunta, que não sei se eu devia fazer, mas...
            - Luh – Eu começo – Qual é seu nome completo?
            - Lua Maria Blanco – Ela responde sem hesitar e eu fico olhando para ela – O que? Achou que eu não ia responder.
            - Achei – Confesso.
            - Arthur, você pode ter certeza que eu não estaria aqui se não confiasse em você – Ela diz parecendo obvia – Sei que você é uma boa pessoa. Mas agora você. Qual seu nome completo?
            Eu não gostava muito de falar meu nome completo, já que ele me trazia lembranças dos meus pais.
            Mas fui eu que comecei né?
            - Arthur Queiroga Bandeira de Aguiar – Digo de uma vez.
            Ela me olha atentamente. Suspira fundo e pergunta:
            - Arthur – Há receio em sua voz – O que aconteceu com você?
            Oh, essa pergunta.
            Não sabia ao certo se estava pronto para contar aquilo para ela, mas quando seu olhar se encontrou com o meu, eu vi que se não fosse para ela, também não seria para mais ninguém.
            E talvez eu precisasse me abrir.
            Eu me deito e ela me acompanha, deitando ao meu lado.
            - Bem Luh, tudo começou há dez anos, quando eu tinha nove anos de idade... – Começo a falar e não paro mais. Porque caso eu parasse, não voltaria a falar.
            Lua parece entender isso, então não me interromper em nenhum momento.
            Ela só me deixa falar, contar minha triste história, seu olhar nunca abandona o meu.
            Finalmente termino, e ela parece estar sem palavras.
            - Oh, eu lamento muito Arthur – Novidade. Penso com ironia.
            - Tudo mundo lamenta Lua – Digo o que penso para ela – Todos sempre lamentam.
            Ela olha para o horizonte triste.
            - É uma coisa que ninguém deveria passar – Ela começa a dizer, e agora nós dois olhamos o horizonte – Perder seus pais. Eu queria dizer que não é certo isso, mas não posso, porque é.
            “Faz parte do ciclo da vida, não só a morte, mas sim a dor que cada um que ficou vai ter que passar. Acho que ela existe para nos ensinar de algo. Cada um tem que sentir essa dor, tem que deixar ela te perfurar, para que você entenda, talvez, que está aqui só de passagem... Não sei exatamente o motivo de tudo isso, mas sei que é necessário”
            - Eu sei disso, Luh – Eu digo – Eu sei, só preciso superar.
            - Ninguém nunca supera uma perda – Ela diz me lembrando dos pensamentos que tive dias atrás – Você precisa aceitar.
            Percebo que ela voltou a olhar para mim, e eu faço o mesmo.
            Pensei que encontraria tristeza ali, ou pior de tudo, pena... Mas não, ela me olhava com força, é, como se ela quisesse me transmitir que estava ali, e que tudo ia ficar bem.
            Eu começo a passar os olhos por seu rosto. Ela era realmente linda. Eu paro para olhar seus lábios, olhando seu tom e tentando lembrar-me de sua textura, quando ele estava sobre os meus lábios.
            Lentamente eu fui me aproximando, agira já a olhando nos olhos novamente.
            Quando estava a centímetros do seu rosto ela avança e cola nossos lábios.
            A sensação de senti-los assim, colados aos meus, é única, eu me sinto único.
            Uma de minhas mãos vai para seu rosto, acariciando sua pele, mantendo-a colada a mim.
            Ela morde suavemente meu lábio superior e eu passo a língua por sua boca, pedindo passagem. Ela a concede e no instante que nossas línguas se tocam e sinto uma corrente elétrica passar por meu corpo.
            Nossas línguas já dançam sozinhas, como se tivessem vida própria e o beijo fica mais profundo.
            Sem nem perceber direito eu subo sobre ela.
            O beijo continua, cada vez mais firme.
            Suas mãos vão para o meu cabelo e ela os puxa, fazendo-me soltar um gemido baixo e sofrido.
             Minha outra mão vai para sua cintura e começa a acariciar o local.
            É minha vez de morder seus lábios e ela geme com isso. Aquele som me descontrola e eu começo a colocar minha mão por dentro de sua blusa.
            Sua pele é tão macia e quente...
            Porem, de repente ela quebra o beijo e me tira de cima dela, sentando-se.
            - Luh – Eu a chamo preocupado – Aconteceu alguma coisa?
            Ela não me responde nem olha para mim.
            Chego mais perto e percebo que ela está chorando.
            - Lua, meu Deus. O que aconteceu?
            - Tudo isso – Ela responde com uma voz chorosa - Eu não sei também Arthur. É muita coisa.
            - O que minha linda? – Pergunto tentando enxugar suas lagrimas.
            Apesar de não ter nem comparação com quando ela sorri, ela ficava linda chorando.
            - Aconteceu tudo tão rápido – ela começa a dizer.
            - Eu sei linda, eu sei...
            Ela continua chorando.
            - Tudo tão rápido – Ela repete – Até duas semanas eu tava namorando com aquele idiota, e a lembrança é tão recente... Quem sou eu para te pedir para aceitar, se tem tanta coisa que eu também não aceito nessa vida.
            - Lua, eu... – Ela me corta.
            - Isso me assusta. O que eu sinto por você me assusta. – Ela diz secando as lagrimas com suas próprias mãos – Te conheço a tão pouco tempo e já sinto tanta coisa por você... Eu não sei o que é isso, eu nunca senti antes... Eu não sei se posso...
            Ela fala e eu gelo.
            Da nada ela se levanta, e sem olhar para mim ela diz.
            - É muita coisa... Eu preciso pensar... Desculpe-me, por favor, depois que você se abriu comigo eu sei que o certo seria eu ficar aqui, mas eu não posso... Eu não consigo. Não sei o que sinto por você e eu tenho medo do desconhecido.
            Assim que termina de falar ela sai correndo, correndo pelo gramado.
            - Lua, espera... Vamos conversar. Eu também não sei o que sinto com você...
            Já era tarde demais, ela já havia ido...


Estou sentado na sala de estar da casa do meu tio.
            Encaro o chão.
            Não penso em nada. Nada certo. Pensar machuca...
            Olho par o calendário:
            24 de Dezembro.       
            São 22h00.
            Não sei o que fazer. Não sei se vou até a praça, como sempre faço, não sei se tenho coragem de reviver todas essas memórias...
            Olho para o chão e suspiro.
            - Arthur – Escuto a voz da cuidadora do meu tio – Você não vai sair.
            - Não esse ano, Nelly – Respondo para ela.
            - Então seu tio quer falar com você – Ela diz.
            O que? Eu tio nunca quer falar comigo.
            - O que foi, Nelly?
            - Não sei, ele só me pediu que se fosse não estivesse saindo para eu chamar você.
            - Tudo bem então – Respondo me levantando – Eu vou falar com ele.
            Dirijo-me para o quarto dele.
            Abro a porta lentamente e encontro meu tio olhando para mim.
            - O que foi tio? – Pergunto não sabendo o que esperar.
            - Oh meu sobrinho – Ele diz com uma voz fraca – Chegue mais perto.
            Eu o faço.
            - Olhe – Ele começa a dizer – Eu sei que não sou muito presente... Desculpe-me por isso. Mas eu também tenho minhas cicatrizes...
            - Entendo isso tio, não te julgo.
            - Mas eu me importo com você, sempre pergunto como você está para Nelly...
            Disso eu não sabia.
            - Fico feliz em saber que você se importa comigo tio – Digo, não sei se sincero eu se por ironia.
            - Oh meu jovem – Ele diz – Sempre peço para ela te chamar nesse dia, mas você sempre está de saída, e sinceramente fico feliz por isso, mas hoje...
            Oh, me surpreendo.
            Nelly realmente sempre me pergunta se estou de saída na véspera de Natal, hoje é a primeira vez que digo que não vou sair.
            - Não sei o porquê de você escolher ficar em casa meu filho – Escuto meu tio atentamente – Mas, escuto o velho aqui... Aproveite. Aproveite essa vida ao máximo. Eu sei que ela já foi muito cruel contigo – E como – Mas você não pode deixar a tristeza te vencer, ou vai acabar como eu... – Ela fala sorrindo e apontando para si mesmo.
            - Vá menino. Saí se divirta. Aproveite.
            Eu olho para meu tio, ali, sendo obrigado a passar todo santo dia na cama e eu resolvo seguir se conselho e sair.
            - Eu vou tio, eu vou... – Digo dando um beijo em sua testa e me dirigindo para a porta.
            - E Arthur – Viro-me para vê-lo – Feliz Natal.
            - Feliz Natal tio.


            A praça está enfeitada como sempre. O coral da igreja está se preparando para cantar. As pessoas todas alegres.
            Olho ao redor e sento-me no meu banco. Aquele em que sempre sento.
            - Oi – Escuto uma voz conhecida atrás de mim e me viro automaticamente – Posso me sentar?
            Não consigo acreditar no que vejo.
            Lua está ali na minha frente, quer dizer, atrás de mim.
            Ela está vestindo um lindo vestido branco, seu cabelo está todo arrumado e seu rosto com um pouco de maquiagem.
            Ela está linda.
            - Pode claro – Respondo indo para o lado e ela se senta ali.
            - Realmente esse lugar é lindo, especialmente nesse dia – Ela comenta.
            - É... – Eu concordo.
            O silencio se instala ali, e por alguns momentos nós só observamos as pessoas.
            - Desculpe-me por sábado - ela diz por fim.
            - Não se preocupe com isso.
            - De verdade - Ela diz – Fui uma idiota.
- Você não é idiota por ter medo.
            - Fui idiota por não ter superado ele ao seu lado – Ela diz me olhando nos olhos, porem logo seu olhar vai para o chão e ela cora – Eu descobri.
            - O que? – Pergunto curioso.
            - O que eu sinto – Ela diz.
            - E o que você sem te – Pergunto novamente.
            - Eu sinto raiva do meu namorado por ter feito tudo o que ele fez comigo e sinto raiva de mim por ter deixado. Sinto dó de você por ter passado pelo o que passou, mas acima de qualquer coisa Arthur... Eu amo você.
            Fico pasmo, eu não esperava escutar aquilo dela. E dou a resposta mais sincera que posso dar.
            - Que bom, porque eu também te amo – Ela dá um imenso sorriso.
            Eu olho para a caixinha onde temos que colocar as cartas para o Papai Noel, uma moça está tirando-a de lá.
            - Luh, já volto, eu tenho que fazer algo.
            - Ok - ela responde.
            Eu corro até a moça e falo:
            - Não tira ainda, eu preciso escrever uma carta – A moça me olha como se eu fosse retardado mas não diz nada.
            Pego um papel e escrevo a mesma carta que escrevia anos atrás, com o mesmo desejo. Só que agora um pouco modificado.
            - Pronto – coloco a  carta na caixa e volto para Lua.
            Ela está me olhando com uma cara divertida.
            - Você ainda escreve cartas para o Papai Noel – El pergunta rindo.
            - É que esse desejo ele sempre realizar, quando eu escrevia. É importante demais para não pedir.
            - E o que você pede? – Ela pergunta curiosa.
            Eu suspiro, olho nos seus olhos e falo;
            - Eu sempre peço para te ver de novo no ano seguinte.
            Ela dá um sorriso perfeito, um dos mais sinceros que já vi.
            - Que bom – Ela repete o que eu falo – Porque eu também, sempre escrevo e peço para te ver novamente.
            É minha vez de abrir aquele mesmo sorriso.
            Beijamos-nos e o coral começa a cantar, e a gente assisti.
             Esse sem dúvida foi o melhor Natal que eu já vivi.


              Carta:
“ Querido Papai Noel
            Aqui é o Arthur Aguiar, aquele que escrevia todo o ano até algum tempo atrás. Eu sei que o senhor não existe de verdade, mas eu preciso pedir, não o que sempre peço, que é para vê-la novamente ano que vem... Dessa vez eu quero vê-la todos os dias... E sempre tê-la comigo. Eu a amo. Finalmente me sinto completo novamente. Acho que comecei a aceitar...
            Mas eu preciso dela sempre comigo.

           Muito obrigada meu Senhor
           Feliz natal”






Espero que tenham gostado... E um Feliz Natal...

            

Um comentário:

  1. Ameeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Chorei Muitoo

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