- Olha quem está chegando aí – Escuto Sophia dizer enquanto me aproximo
da mesa onde ela e Chay se encontram.
- Hi gente – Digo me sentando ao lado de Chay – Como estão às coisas?
- Como sempre
estiveram, e sempre estarão… Essa cidade não tem nada se interessante – Diz
Sophia.
É, nisso eu
não posso concordar Sophia... Esse lugar é cheio de segredos e histórias...
- Cadê outros?
– Pergunto olhando por todo o refeitório. Nenhuns dos dois se encontram por lá.
- A Mel ficou
falando com o professor de português, tinha umas dúvidas lá – Diz Chay, já
comendo seu lanche.
- E você nem
pra esperar ela – Sophia fala em repreensão.
E
olho para ele e espero uma resposta.
-
Ah. O Micael está no banheiro – Ela diz e Chay não se aguenta. Ele é daqueles
que perde o amigo, mas não perde a piada.
-
No banheiro fazendo o que exatamente? – Pergunta em seu tom malicioso.
-
Só porque você faz essas coisas no banheiro, não significa que os outros façam
também Suede – Sophia defende seu boyfriend.
-
O que? Eu tava perguntando se ele estava com diarréia. Você que fica pensando merda
– Ele diz com sarcasmo na voz e eles começam uma discussão boba.
Levanto-me
para pegar minha comida. Começo a observar as pessoas ao meu redor.
Aquela
mesma hierarquia escolar que eu não suporto. A maneira com que os olhares de
alguns são repletos de falsidade. São todos tão superficiais. As pessoas às
vezes me irritam, sempre tão indiferentes. Acho que nunca vou fazer parte
disso.
Não
é a toa que não gosto da escola.
Não
por causa das aulas, das tarefas... E sim por causa das pessoas que tenho que
ver todo dia aqui.
Chego
à cantina e começo a fazer meu prato.
Ok,
a comida também não é lá essas coisas.
Olho
para o lado, onde se encontra a porta de entrada do refeitório e vejo Arthur,
no celular. Ele parece completamente agitado e eufórico. Ele não para de passar
as mãos nervosamente pelos cabelos enquanto anda de um lado para o outro. Não
consigo escutar o que ele fala, e não conseguiria nem se ele estivesse do meu
lado com toda essa gritaria característica de refeitórios escolares. Ele fala
rápido demais e não consigo entender o que ele diz por leitura labial.
Deixo
o meu prato do jeito que está e vou em direção a porta. Arthur começa a andar
também e o perco de vista.
Corro
para chegar até a porta, e quando chego, olho dos lados e não o vejo.
-
Lua – Escuto uma voz conhecida atrás de mim.
-
Que susto Mel – Comento olhando para minha amiga.
Ela
olha para mim, sorrindo divertida com o meu susto. Mas logo o sorriso some do
seu rosto e ela começa a olhar atrás de mim.
-
O que você está procurando? – Ela pergunta, tentando achar alguma coisa que
explique a razão de eu estar ali.
-
Eu... Eu – Começo a gaguejar sem saber ao certo o que dizer – Estava procurando
você – Respondo por fim, achando ser a melhor solução.
-
Sei – Ela me olha com cara de quem não comprou a mentira.
-
Vamos entrar? – Aponto para o refeitório tentando fugir do assunto.
-
Vamos – Ela responde ainda me olhando como se tentasse descobrir algo.
Mel
entra na frente e eu dou mais uma espiadela no corredor. Nada.
Eu
entro em seguida e encontro-a me olhando.
Ela
sorri antes de se virar e se dirigir para a nossa mesa.
Sem dúvida
nenhuma, de todos ali, a Mel era a mais esperta... E consequentemente a mais
difícil de ser enganada.
Ele não foi às
outras aulas.
Não foi.
Eu olhava a
porta da sala a aula inteira, dizendo para mim mesma que era falta de ter o que
fazer, mas é claro que eu o esperava. Esperava que ele entrasse a qualquer
momento.
Mas não, ele
não entrou.
- Finalmente
acabou – Eu escuto a voz de Chay atrás de mim.
Já me
encontrava no jardim frontal a escola. Esperava meu primo para irmos para casa.
- Não comemore
tão cedo. Daqui dois dias tem mais– Micael diz. Os dois estão vindo em minha
direção.
- Me deixa
viver um dia de cada vez, por favor – Chay responde mal humorado – Priminha –
Ele me vê – E ai, como foram suas aulas?
Eu olho para
ele e provavelmente faço uma careta porque os dois riem.
- É Lua, é bem
isso– Micael diz – Preciso encontrar minha branquela. Tchau para os dois.
Mika sai,
andando no seu estilo despojado.
Viro-me e
começo a andar para casa, Chay me seguindo, infelizmente.
- O que foi
pirralha? Tá com pressa?
- Não enche
Chay – Digo.
- Ok ok, não
ta mais aqui quem falou.
Olho para meu
celular em cima do meu criado mudo.
Por que mesmo
eu estou esperando que ele me ligue sem nem meu número ele tem?
Talvez
porque eu não tenha mais nada o que fazer.
Sexta-feira,
15h40 da tarde. Eu e meu lindo quarto. Que história perfeita.
Eu
até ficaria pensando feito uma retardada coisa do tipo: “Com quem ele estava
falando no telefone”, mas sinceramente, resolvi dar um tempo para a minha
cabeça hoje.
Talvez não
fosse nada.
Só que não
podemos esquecer que aquele era o Arthur... E nada é nada quando se trata dele.
Afasto
os pensamentos no mesmo instante que os tenho.
“Feriado
para a sua cabeça, Lua. Lembre-se disso”
E
que feriado entediante.
Olho
para meu celular uma ultima vez antes de me levantar da cama e descer lá para
baixo.
Não
Lua, para cima.
Ok.
Estou proibida de brigar comigo mesma também.
Encontro
Chay sentado no sofá da sala, jogando vídeo-game.
Reviro
os olhos e vou para a cozinha pegar um copo d’água e volto para a sala,
sentando-me ao lado do meu primo.
-
Vai, vai, mata ele... Isso – Chay começa a gritar enquanto joga, não parando de
se mexer um segundo sequer – Não, não... Não é ai... Merda.
Olho
para a tela e vejo um grande “Game Over”.
-
Nem no próprio vídeo-game você consegue ser bom – Resmungo.
-
Cala a boca. Até parece que você conseguiria sair do lugar nesse jogo. Aposto
que você ficaria perdida, se perguntando que botão faz o quê.
Chay
pega meu copo de água e bebe inteiro.
Eu
balanço a cabeça.
-
Aposta? – Pergunto.
-
Aposto sim. Dez dólares que você não me vence.
Eu
não jogo muito vídeo-game, mas não nego que gosto e acho divertido. Ainda mais
quando tem dez reais esperando por você.
-
Apostado – Respondo e ele me entrega o controle.
Aproximadamente
uma hora e meia mais tarde, ele joga o controle no chão e grita:
-
Eu não acredito.
Eu
dou risada.
-
Pode acreditar que eu venci. Não só uma, mas oito vezes, das dez que a gente
jogou. Ou seja... Você me deve oitenta reais.
-
Claro que não – Ele começa a dizer – Eu disse que apostava dez dólares que você
não me vencia não que a cada partida com a sua vitória eu pagaria mais dez.
-
Tudo bem então Chay. Dá os dez dólares.
Ele
faz uma careta para mim enquanto pega dez dólares em sua carteira.
-
Tá aqui.
Eu
dou um sorriso vitorioso guardando o dinheiro no meu bolso.
-
Quer jogar de novo? – Pergunto.
Ele
olha para a tela da TV, depois para mim, depois para a TV de novo e diz por
fim.
- Contanto que não seja apostando
nada.
Já
eram 20h30 do sábado.
No
dia anterior eu e Chay largamos o vídeo-game, depois claro, da interferência da
Tia Hérica, porque se fosse por nós dois...
Enfim,
nós jantamos e ainda assistimos a um filme.
Foi
tão bom dar um tempo para a minha cabeça que eu resolvi repetir a dose.
Passei
o sábado na mesma competição com Chay, só que dessa vez com Tia Hérica ali do
lado, lendo seu livro e de vez em sempre rindo com a gente.
Iria
mentir se dissesse que eu não esperei algum sinal de vida dele. Mas eu não a
recebi. O que eu recebi, no final da tarde foi um telefone da Mel, convidando
eu e seu namorado para sair e ir na balada aquela noite.
Nunca
fui muito dessas não, de sair à noite para dançar e beber, mas acho que eu não
tinha muitas opções naquela cidade.
Ali,
nós tínhamos um cinema, uma galeria, que era chamada de shopping, alguns poucos
restaurantes e lanchonetes e uma balada.
É.
Partiu balada.
Toc,
Toc, Toc.
-
Tá pronta Luluzinha – Escuto Chay gritar enquanto bate freneticamente na porta.
Toc,
Toc, Toc.
-
To quase Chay – Eu digo colocando os meus brincos.
Toc,
Toc, Toc.
Ah.
Chega!
-
Suede! – Grito indo em direção à porta e abrindo-a – Não precisa derrubar a
porta.
Quando
não escuto uma resposta olho para ele e o encontro de boca aberta.
Mais
essa agora.
-
O que foi? – Pergunto.
-
Você... – Ele diz e me olha de cima a baixo – Você ta linda Luh.
Ah.
Eu
dou uma risadinha.
-
Obrigada Chay. Mas não derrube a porta, ta bom? – Eu digo – Ou eu vou ter que
desenhar?
Ele
parece acordar do seu transe.
-
Hahaha, que engraçado prima. Não, você não precisa se incomodar – Ele diz e
começa a andar em direção a escada – To esperando você lá embaixo.
-
Ok.
Fecho
a porta atrás de mim e me olho no espelho.
Eu
estou num vestido preto, com brilho na frente, e atrás, é um preto liso. Bom, a
parte que tem tecido, porque ele tem um grande decote que desce pelas costas,
até a minha cintura, mais ou menos.
Meu
cabelo está metade preso e metade solto, com alguns cachinhos nas pontas.
Meu
sapato e preto e dourado, com um salto de 10 centímetros mais ou menos.
E
minha maquiagem não é muito forte. Uso uma sombra dourada, lápis na parte de
baixo do olho, uma camada de rímel e um gloss transparente.
Inclusive,
aproveito para retocar o gloss, pegar minha bolsa e finalmente descer.
-
Já tava na hora – Escuto a voz de Chay da sala, acompanhada pelo som de diversos
canais de TV, os quais ele muda repetidamente – Mel acabou de mandar uma
mensagem dizendo que já está quase aqui na frente.
Tin
Don.
-
Tira o quase. Ela está aqui na frente – Digo enquanto vou atender a porta, e
Chay, após desligar a TV, vem também.
-
Oi gata – Diz Mel assim que abro a porta para ela – Ui! Ta gata mesmo garota.
Você ta linda – Ela diz pegando minha mão e fazendo-me girar na sua frente –
Oxi, fiquei com ciúmes agora, você e meu namorado separados apenas por uma
porta.
-
Tecnicamente são duas. A do meu quarto e a do dela – Chay chega atrás de mim e
não perde a chance de fazer uma piada com a situação.
-
Vai brincando Suede – Mel diz em um tom bravo.
-
Ai amor, você sabe que eu só tenho olhos para você. Inclusive você ta linda – É
a vez de Chay fazer Mel girar na sua frente. Tarado do jeito que é ele não
perde a chance de olhar para a bunda dela.
-
Vou fingir que não vi isso priminho – Digo deixando os dois na porta de casa e
indo para o carro.
Eles,
muito provavelmente se beijam e vão para o carro logo em seguida.
-
Animada para sua primeira balada nessa cidade, Lua? – Mel pergunta enquanto
entra no carro acompanhada por Chay.
“Nem tanto”
penso.
- Claro –
Digo.
Mel olha para
mim pelo retrovisor e sorri.
- Se você não
gostava, agora vai gostar menina – Diz Mel.
Duvido
Mel, duvido...
-
A Sophia e o Mika não vêm? – Chay pergunta olhando pela janela.
-
Não – Mel responde – Eles falaram que iriam se divertir mais se ficassem em
casa.
-
Eu também acho que ficar em casa com você seria ótimo... – Mel o corta dando um
tapa em sua perna.
-
Temos uma convidada na parte de trás do carro. Não se esqueça disso.
-
A Lua é da família – Chay diz olhando para trás – Você já ta acostumada, não
está pirralha?
Vejo
Mel revirando seus olhos pelo retrovisor e sorriu.
É
bom ter amigos.
Não
que eu não tivesse no Brasil. Eu tinha, e vários. Amigos que eu nunca
esquecerei que estão guardados aqui dentro e que aqui permaneceram.
Mas
a Mel, o Mika, a Soph e o idiota ali eram diferentes. Em tão pouco tempo eles
me conquistaram, sabe? Sinto como se os conhecesse há tempos.
Sinto
que os conheço muito mais do que os outros que eu tinha.
Olho
pela janela e percebo que o carro já está parando.
-
Chegamos – Mel diz e eu desço do carro.
A
fachada da balada é toda pintada de preto, somente as letras que formam o nome
dela estão em luzes neon.
-
Vai ficar só olhando Lua – Escuto Chay e vejo que os dois já estão entrando no
local, já que não há fila.
Apesar
de não ter fila, o bar está cheio de gente de todo o tipo.
A
pista de dança está lotada de garotas vestidas com roupas, que eu nem sei se
posso chamar assim. Porque se o objetivo delas é cobrir o corpo, bom, então
aquilo ali não são roupas. Afinal, elas mais mostram do que cobrem.
E
os garotos. Tem aqueles que parecem que estão ali só para arrumar alguém para
transar e se esquecer no dia seguinte. Já a outros que parecem mais
comportados.
Temos
gente bêbada, gente que esconde, mas não tão bem, que está usando drogas e
outros que só estão ali para dançar um pouco.
Eu
me encaixo nessa ultima.
-
Partiu dançar? – Pergunta Mel vindo de uma mesa, onde Chay ficou sentado.
-
Partiu – Eu respondo.
Nós
duas vamos então para a pista e começamos a dançar.
No
inicio, nós estamos mais no cantinho e as musicas são mais lentas.
-
Vem cá Chay – Mel grita para o namorado que está só assistindo.
-
Não amor, aqui é melhor. A vista é ótima – Ele responde malicioso.
-
Cala a boca. Se não for para falar merda, é melhor ficar em silencio – Ela
grita em resposta.
Eu
dou risada.
As
musicas vão ficando mais agitadas e nós as acompanhamos.
Meus
olhos estão fechados, eu sinto a musica passar por mim, tentando deixar que ela
leve todas as preocupações com ela.
-
Luh – Escuto Mel – Acho melhor você dançar de olhos abertos.
-
Por que? – Pergunto.
Sempre
danço de olhos fechados, parece que sinto a musica me guiar quando faço isso.
-
Porque tem um monte de caras que tão secando você como se fosse o ultimo copo
d’água no meio do deserto. Então, pra prevenir, melhor ficar de olhos abertos.
Tanto no sentido literal como no figurado.
Olho
em volta e percebo que realmente tem muitos homens me olhando e me sinto
desconfortável com isso.
-
Desculpa Luh, não quis te assustar – Escuto Mel dizer, percebendo que fiquei
mal – Qualquer coisa o Chay ta lá.
Nós
paramos e olhamos uma para a cara da outra começando a rir em seguida.
-Não
imagino o Chay brigando com um desses caras - Eu digo sincera.
-
Para ser sincera, nem eu. Mas de verdade, quando ele fica com ciúmes, não hã
quem segure – Mel diz olhando para seu namorado – Sabe aqueles idiotas,
jogadores de futebol, que eu e a Soft te mostramos no primeiro dia de aula.
FlashBack On
- Então ta, Lu aqueles são os jogados de futebol e as
líderes de torcida. Se algum jogador vier te cantar ignora que nenhum deles
presta! – Disse Mel.
- E as líderes de torcida se acham pra caramba, são
umas oferecidas. Um dia ainda taco uma delas numa poça de lama...
Na hora em que passamos pelos jogadores percebi os
olhares sobre nós e sinceramente não eram olhares, vamos dizer... Cordiais.
- Fiu, fiu...( n/a – Eu não sei escrever assobio,
então uma amiga me mandou escrever assim) Oh Mel eu estou esperando seu retorno
até hoje viu, hoje não vai ter ninguém lá em casa – Um loiro musculoso disse
para Mel.
-Vai se fuder Yuri!!
- E você em Sophia... também to te esperando viu. –
Outro garoto, dessa vez moreno, falou para Sophia.
- Vai esperar até morrer Saulo!!!
Foi quando Yuri, Saulo e ouro garoto levantaram vindo
até nós. Gelei.
- E a garota ai com você quem é? – Yuri perguntou me
comendo com o olhar.
- Nada melhor que carne nova!!! – Saulo imitou o gesto
de Yuri.
- E ai, quem é a gostosa? – O outro perguntou.
- Não interessa a vocês, vem Lua. – Mel me puxou junto
com Sophia.
- Bom, parece que você é Lua, então o convite ta
aberto pra você também, a minha casa é a da outra esquina... Vou esperar!
Tá ok, aquilo não foi nada agradável.
FlashBack Off
- Lembro sim – respondo depois de lembrar-me do acontecimento.
-
Então, teve uma vez que eles fizeram uma brincadeira besta comigo e o Chay tava
perto. Os dois saíram na maior briga. Você tinha que ver.
Assim
que ela diz isso meus olhos vão para Chay, que nesse momento parece atrapalhado
tentando limpar a mesa, onde provavelmente ele derramou sua bebida.
É,
não dá pra imaginar essa cena.
-
Vir na balada para não dançar– Ela diz para mim percebendo para onde meu olhar
foi.
-
Ele não tem cara de quem dança – Eu digo sendo sincera.
-
E não dança mesmo – Diz Mel – Mas cara. Não precisa ser um bailarino, nós
estamos aqui para nos divertimos. Acho que vou chamar ele.
-
E eu acho que vou pegar alguma coisa para beber – Digo me sentindo cansada.
-
Maneira aí heim dona Lua – Ela diz piscando para mim e indo em direção ao
namorado.
Eu
continuo o meu caminho até o bar, onde peço para o moço que me dê uma bebida
não muito forte. Espero ele trazer a bebida quando escuto alguém falando
comigo.
-
Olá gata – Escuto uma voz desconhecida atrás de mim e me viro – Resolvendo
conhecer o lado bom dessa cidade de porra.
Tenho
vontade de rir ao ver quem é.
-
Você não morre tão cedo Yuri – Eu digo para mim mesma.
O
destino é uma ironia do carralho.
-
Que foi gatinha – Ele diz chegando mais perto e olhando-me de cima a baixo, com
um olhar nada inocente – O som está muito alto, não consigo te escutar.
Reviro
os olhos para ele (novidade, eu estou sempre revirando os olhos) e o ignoro,
virando-me novamente para o barman, que acabou de trazer meu drink. Continuo
sentindo seu olhar em minhas costas.
Dou
um gole enquanto percebo que Yuri sentou ao meu lado.
-
O que você quer? – Digo seca.
-
Calma aí. Eu só queria vir te convidar para sentar comigo e com os garotos ali
– Ele fala apontando para um local atrás de mim.
Viro-me
e encontro os outros dois outros jogadores sentados em um sofazinho, um com
duas garotas, e outro com três. Elas não param de passar as mãos pelos corpos
deles, e vice-versa.
Um
dos garotos, acho que Saulo, está beijando uma das garotas, enquanto passa a
mão nos peitos de uma e na bunda da outra.
Já
o outro parece cara, recebe beijos no pescoço de uma enquanto da outra recebe
caricias num lugar, que nem preciso dizer por que vocês já devem ter entendido.
Argh!
Que nojo.
-
Não – Digo me virando – Obrigada pelo convite Yuri – Digo. Nunca vi minha voz
com tanta ironia.
Ele
dá um daqueles sorrisos nada simpáticos.
-
Nossa. Você lembra até meu nome. Isso deve ser um bom sinal – Ele diz se
levantando e piscando para mim, voltando para seus amigos, e para as putas que
estão com eles.
Observo
que assim que ele chega, um dos caras vira para ele e pergunta algo, que Yuri
assente sorrindo.
Nesse
instante eles olham para minha direção. Eu gelo e desvio o olhar no mesmo
instante.
Pego
minha bebida e começo a bebê-la em pequenos goles.
Aos
poucos, sinto as coisas ficando meio turvas. Parece que tudo na minha frente
está girando.
Os
sons, antes altos, ágoras são murmúrios confusos na minha cabeça. Eu tapo os
ouvidos, mas eles continuam.
Merda.
Eu pedi que o cara me desse algo fraco.
Pego
minha carteira e não consigo ver direito qual nota é qual. No fim escolho as
mais bonitinhas na minha visão e deixo sobre a mesa do bar.
Levanto-me
do banquinho quase caindo.
Não
foi nada.
-
Moça... Moça... – Escuto uma voz dentro da minha cabeça, já parecendo distante
– Você deu 30 dólares a mais do que... – A voz se perdeu.
Ando
de um lado para o outro.
Procuro
por algum sinal de Mel ou Chay, mas nada. Todas as pessoas parecem iguais.
Todos os lados que me viro parecem iguais. Eu ando e pareço não sair do lugar.
O
que aquele maldito barman me deu?
Bom,
acho que no final não estou tão ruim assim. Pelo menos sei reconhecer que estou
bêbada.
E
essa é uma sensação horrível.
Porque
eu tenho consciência de não estar sóbria, eu ainda consigo pensar e raciocinar
tranquilamente, mas meus sentidos estão todos confusos, eu sei que apesar de eu
ver tudo girando, na verdade as coisas estão paradas. Mas eu não tenho controle
sobre isso.
Oh
God. Preciso achar Mel ou Chay.
Olho
de um lado, olho de outro. Até que vejo um clarão, parece ser um escrito. Fixo
meus olhos ali e leio a palavra Saída.
Talvez
seja melhor eu sair e tomar um ar até essa confusão passar.
Ando,
tentando fazer minhas pernas ficarem certas, sem sucesso.
Caralho.
Finalmente
chego à saída.
Começo
a andar na calçada, procurando por um banco ou alguma coisa para sentar.
Ando
um quarteirão e viro a esquina, encontrando uma rua sem saída.
Não
muito distante da balada, eu me encontro numa rua sem saída sento no chão
mesmo, encostado na parede.
O
local é meio escuro, mas eu não me importo. Só preciso descansar um pouco e...
-
Olha quem nós temos aqui – Escuto uma voz que me recordo de ter ouvido a pouco
tempo - Parece que alguém bebeu demais.
Risadas.
Eu
olho para os rostos, mas com a minha visão distorcida e a escuridão do local eu
não consigo decifrar os rostos.
-
Own, ela parece perdida –Outra voz.
-
O que você deu para ela hein...?
-
Nada demais – Escuto a primeira voz – Só uma coisa que vai deixar com que nós
façamos com ela, o que ela não quis fazer sóbria.
Mais
risadas.
Aperto
meus olhos tentando enxergar.
-
O que foi Luh – A mesma voz – Não se lembra quem eu sou? A minutos atrás até
meu nome você sabia.
Com
aquele rosto, agora mais próximo, eu conseguia ver.
Era
o Yuri. E os outros dois atrás dele.
Merda!
Eu estava fudida.
Literalmente.
Ei sei que pra você é muito difícil ficar postando com frequência,mas eu entro aqui todos os dias com a esperança de um novo capítulo,não para de postar não sua web é ótima,parabéns você escreve muito bem!!!
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